sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Profissionais com qualificação são disputados e valorizados no mercado

O preparo dos profissionais possibilita conquistar salários maiores e conquistar colocações em boas empresas.

Fábio Tiurci São Paulo, SP
O mestre de obras Raimundo Nonato Macedo ajuda a construir a casa dos outros, mas não passa vontade, não. “Comprei uma casa no ABC, eu morava na Praia Grande. Tenho a casa na praia ainda. Comprei aqui sem vender a de lá”, conta Raimundo.
Casa em São Paulo, casa na praia. “Troquei o carro também. Estou feliz”, fala.
A expansão do mercado imobiliário e das obras de infraestrutura valorizaram o profissional da construção civil. Mestre de obras há 28 anos, Raimundo nunca foi tão disputado. “Já tive várias propostas, quase toda semana tem alguém que liga pra mim”, conta Raimundo.
E, aí, o salário: “Hoje minha vida mudou bastante financeiramente. Nos três, quatro anos, eu tive uns 100% de aumento aí”, avisa o mestre de obras.
Não é privilégio só dele. O cabo-de-guerra no mercado estica os salários. “Se a gente não melhora salário, se a gente não melhora benefício, nós não fazemos, mas outra empresa vai querer buscar o nosso profissional, nós não podemos perder profissional qualificado”, explica o gerente comercial da Agrosema, João Luis de Sousa.
Uma empresa de recrutamento de executivos já notou que, em setores como óleo e gás, infraestrutura e serviços, muitos já estão pagando mais do que gostariam na hora de contratar um gerente.
“A empresa começa a recrutar um profissional imaginando que ela vai contratar uma pessoa pagando um determinado salário. A primeira proposta versus o que efetivamente concretiza a oportunidade tem aumentado entre 10 a 20 % no valor nominal desses salários”, fala o gerente sênior da empresa de recrutamento Robert Half, Adriana Cambiaghi.
Às vezes, o estímulo não está no valor. Mas na forma como o dinheiro vem e muita gente sonha em ganhar dinheiro assim. O estudante da Usp, Fábio Moraes de Oliveira recebe de uma empresa, e nem trabalha lá.
“A princípio não existe uma obrigação da minha parte para com a empresa”, diz Fábio.
Ele estuda engenharia mecânica num dos principais centros do país - a escola politécnica da Usp e ganha uma bolsa de R$ 750 por mês de uma indústria de tubos de aço.

“Acho que o interesse da parte deles é tentar despertar o nosso interesse para que nós tendamos a trabalhar nesse setor”, afirma o estudante.

Márcio Shoiti Yasui, engenheiro de computação, terminou o mestrado na Europa e, com a crise lá, achou que seria mais fácil voltar e arrumar emprego no Brasil.
“Foi bem rápido”, afirma.
E não teve mais sossego. “Desde a minha contratação, eu fui procurado por algumas empresas, por três empresas na verdade que tentaram entrar em contato pra contratação, mas eu decidi ficar nesta empresa”, conta Márcio.
Ser disputado e valorizado tem a ver com estar no lugar certo, na hora certa. E dá pra ter uma ideia de que lugares serão esses. Com base no crescimento e nos projetos das empresas, o Senai fez um mapa das vagas no Brasil. Onde a indústria vai contratar nos próximos três anos? E quem ela vai contratar?
Os setores de alimentos e construção civil vão precisar de engenheiros, químicos e operários em todos os estados. A indústria de álcool, de operadores de máquinas e mecânicos de manutenção, na região Centro-Oeste, Alagoas e Rio Grande do Norte.
O crescimento na exploração de petróleo deve abrir vagas na Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
No Espírito Santo e Amapá, o Senai prevê mais trabalho para mecânicos e técnicos na extração de minerais não-metálicos, como areia e argila.
Para a fabricação de produtos a partir desses minerais, seis estados da região Norte e Nordeste devem contratar pessoas para trabalhar com cerâmica.
Na confecção de roupas e acessórios, a indústria vai precisar de operadores de máquinas no Ceará, Pernambuco e Santa Catarina.
Na fabricação de máquinas, novos empregos em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul para: soldadores, montadores de equipamentos eletroeletrônicos, operadores de máquinas.
Na Paraíba, vagas pra trabalhar na produção de calçados de couro e no Amazonas, para linha de montagem de motos.
Pra escolha do futuro profissional, o mapa aponta algumas direções. Só não dá pra seguir na contramão de nós mesmos.
“Se eu quero fazer a área de exatas, eu devo gostar de cálculo, eu devo gostar de economia, devo gostar de matemática. Porque se não tiver essa habilidade, esse interesse corre mais risco de ser infeliz. A escolha da profissão é uma questão de felicidade, de ser feliz, de eu poder ir contente para o meu trabalho e para isso eu preciso ter um domínio, eu preciso conhecer”, diz a professora da faculdade de educação da Usp, Stela Piconez.

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